Todos os seres vivos desse planeta tem uma função...qual é nossa função? riqueza e poder ou a preservação de todo sistema?
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terça-feira, 13 de julho de 2010
Saudação a Drummond
Eu te saúdo Irmão Maior
pelo que tens sido e serás
dentro do tempo espaço afora
e além da vida: luminar
homem simples da terra
aprisionado no íntimo
para libertador de pássaros
e agenciador de símbolos.
Pela pedra no caminho
que foi ato de bravura
e foi cabo de tormentas.
Pelo brejo das almas
em verde com margaridas.
Pelo sentimento do mundo
com que orvalhas o linho
da comunhão geral.
Pelas fazendas do ar
em que brindas cultivos
de transcedentes dimensões.
Pelos claros enigmas
que decifras e que armas
em desdobrados ciclos.
Pela vida passada a limpo
em lâminas de cristal.
Pela rosa do povo
com que humanizas o asfalto.
Pela lição de coisas
que nos ensinas a aprender.
Pelo boitempo este sabor
de renascimento da infância.
Em nome de Mário de Andrade
— até as amendoeiras falam —
em nome de Manuel Bandeira
em nome de Emílio Moura
presentes embora silentes
no alto da Casa em outros
mais cômodos aposentos
de onde nos contemplam líricos
a nós abaixo no vestíbulo.
Saúdo-te mineiro Carlos
de olhos azuis como os da criança
guardada sempre mais a fundo
em candidez e malícia
ao largo de lavouras híspidas
ao longo de setenta outubros
vincados de diamante e ferro
sem nostalgia de crepúsculo.
Saúdo-te com sete rosas
em botão as mais puras
colhidas de madrugada
antes do sol em suas pétalas
por teu sétimo aniversário
outrora
de menino poeta.
Publicado: Miradouro e Outros Poemas (1976)
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Os Lírios
Certa madrugada fria
irei de cabelos soltos
ver como crescem os lírios.
Quero saber como crescem
simples e belos — perfeitos! —
ao abandono dos campos.
Antes que o sol apareça
neblina rompe neblina
com vestes brancas, irei.
Irei no maior sigilo
para que ninguém perceba
contendo a respiração.
Sobre a terra muito fria
dobrando meus frios joelhos
farei perguntas à terra.
Depois de ouvir-lhe o segredo
deitada por entre os lírios
adormecerei tranqüila.
Henriqueta Lisboa
sexta-feira, 22 de maio de 2009

A menina selvagem veio da aurora acompanhada de pássaros,estrelas-marinhas e seixos.
Traz uma tinta de magnólia escorridanas faces.
Seus cabelos, molhados de orvalho e tocados de musgo,cascateiam brincando com o vento.
A menina selvagem carrega punhados de renda ,sacode soltas espumas.
Alimenta peixes ariscos e renitentes papagaios.
E há de relance, no seu riso,gume de aço e polpa de amora.
Reis Magos, é tempo!
Oferecei bosques, várzeas e campos à menina selvagem: ela veio atrás das libélulas.
Henriqueta Lisboa - Publicado (1958)
Henriqueta Lisboa. Pouco conhecida do público, essa mineira, nascida em Lambari em 15 de julho de 1904, recebeu vários prêmios literários, entre os quais a Medalha da Inconfidência de Minas Gerais (com o livro “Madrinha Lua”, em 1952) e o Prêmio Brasília de Literatura,em 1971.
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