sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Receita de ano novo



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Tamara de Lempicka


O Careta

Composição: Roberto Carlos - Erasmo Carlos

Abro a camisa e encaro esse mundo de frente
Olho p'ra vida sem medo sabendo onde vou
Digo que não que não quero
Passo batido, acelero
São outras coisas que mexem com a minha cabeça
Por isso
Esqueça.

Meu grande barato é o cheiro da brisa do mar
Me ligo na onda do rádio do meu coração
Viajo na luz das estrelas
Me sinto feliz só de vê-las
E fico contente de ser
Esse grande careta
Careta
Careta.

Droga quem afinal é você
Que está se entregando e não vê
Que a vida oferece outras coisas
Droga
Por tudo, por nada e porque
Nadar nessa praia pra que?
A vida oferece outras coisas.

Às vezes quem sabe de tudo tem mais pra saber
Que a porta tão larga na entrada se estreita depois
E quando lá dentro se apaga
A luz da estrada perdida
É duro esmurrar as paredes
Buscando a saída
De volta p'ra vida.

Talvez você ache uma droga essas coisas que eu falo
Mas certas verdades nem sempre são fáceis de ouvir
Não custa pensar no que eu digo
Eu só quero ser seu amigo
Mas pense no grande barato de ser um careta
Careta
Careta.

Droga quem afinal é você
Que está se entregando e não vê
Que a vida oferece outras coisas.

Droga, por tudo, por nada e porque
Nadar nessa praia pra que?
Você não merece essas coisas.

Roberto e Erasmo Carlos
Jia Lu


eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro do meu centro
este poema me olha.

Paulo Leminski

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Osho sobre as palavras de Osho:



"Para aqueles que podem entrar em profunda meditação, o diálogo é possível mesmo sem o uso das palavras. Mas, para levá-los até a profunda meditação, primeiro terei que usar palavras. Chegará um momento, depois de um longo esforço continuado, em que a comunicação será possível sem as palavras. Mas até esse momento chegar, vou ter que me expressar por meio de palavras.

Para levá-lo ao mundo do inexprimível, vou ter que usar as palavras, esta é a real situação. Mas há muitos perigos também. Vou ter que falar usando palavras, sabendo muito bem que se você se apegar a elas, se você acreditar nelas como elas são, todo o trabalho que estamos fazendo perderá seu sentido."


(em Dimensions Beyond the Known)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Cena de Cinema

Richard Gere: Sempre ao seu lado (2009)

domingo, 26 de dezembro de 2010

Animais de Poder: Borboleta




As borboletas são seres de beleza rara e vida efémera. Atravessam vários estágios morfológicos ao longo do seu desenvolvimento, pelo que transportam o espírito da metamorfose. Como levíssimas criaturas do Ar, representam clareza mental, liberdade e desprendimento. São excelentes Animais de Poder quando se trata de enfrentar novas etapas da vida.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal à todos!!!!!!!!!!!!!!



Este é o critério do amor: faça aos outros
o que você gostaria que fosse feito a você
Deus só pode significar celebração, festividade.
Por isso, seja feliz e deixe que a felicidade
seja sua oração.


Osho

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Annie Leibovitz

Annie Leibovitz dispensa apresentações. É uma fotógrafa de reconhecido talento e autora de algumas das mais emblemáticas imagens que uma câmara fotográficas alguma vez captou. Quem não se lembra das impressionantes fotografias de Jonh Lennon nu agarrado à sua companheira Yoko Ono, capa da Rolling Stone, ou da não menos famosa capa da Vanity Fair em que Demi Moore grávida exibia a sua nudez? Tudo isto torna o trabalho da fotógrafa imensamente procurado.


Yoko Ono e John Lennon, 5 horas antes do assassinato do ex-beatle



Demi Moore 1991



Não há grande estrela do mundo pop que não tenha sido clicada por ela nessas últimas 3 décadas. Suas imagens ajudaram a criar a cara das revistas RollingStone e Vanity Fair. Suas fotos ajudaram a construir a identidade e o status de ídolo de diversos artistas. Seu talento já foi estampado em incontáveis capas de revista, discos, anúncios e livros. Annie Leibovitz é tão talentosa que chega a ter mais prestígio profissional que a maioria de seus fotografados famosos.


Meryl Streep, 1981



Tony Curtis e Jack Lemmon em 1995



Cate Blanchet, 2009


Mikhail Baryshnnikov e Rob Besserer


Whoopi Goldberg, em banho de leite de cabra



Iggy Pop frente e verso, sobrevivente dos excessos em 2000



Bruce Springsteen,na capa do álbum Born in the USA, 1985



Angelina Jolie, 2006



Sting, em deserto californiano, 1985



Tom Cruise e Katie Holmes mostram sua filha Suri pela primeira vez, em 2006



Cate Blanchet


Angelina Jolie e seu filho Madoxx


A própria: Annie Leibovitz

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Lauri Blank


Tão sutilmente em tantos breves anos
foram se trocando sobre os muros
mais que desigualdades, semelhanças,
que aos poucos dois são um, sem que no entanto
deixem de ser plurais:
talvez as asas de um só anjo, inseparáveis.
Presenças, solidões que vão tecendo a vida,
o filho que se faz, uma árvore plantada,
o tempo gotejando do telhado.
Beleza perseguida a cada hora, para que não baixe
o pó de um cotidiano desencanto.

Tão fielmente adaptam-se as almas destes corpos
que uma em outra pode se trocar,
sem que alguém de fora o percebesse nunca.

Lya Luft

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

James Browne


O mar, a mais ininteligível das existências não humanas.
E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos.
Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos.
Ela e o mar.
Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro:
a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.
Ela olha o mar, é o que pode fazer.
Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
São seis horas da manhã.
Só um cão livre hesita na praia, um cão negro.
Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é um mistério vivo que não se indaga.
A mulher hesita porque vai entrar.
Seu corpo se consola com sua própria exigüidade em relação à vastidão do mar porque é a exigüidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exigüidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias.
Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas.
A mulher não está sabendo, mas está cumprindo uma coragem.
Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver.
Ela está sozinha.
O mar não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização.
Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar.
Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto, prosseguir.
É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.
Vai entrando.
A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas.
Mas uma alegria fatal – a alegria é uma fatalidade – já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir.
Pelo contrário, está muito séria.
O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares.
E agora ela está alerta, mesmo sem pensar.
A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda – e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que oposição pode ser um pedido.
O caminho lento aumenta sua coragem secreta.
E de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda.
O sal, o iodo, tudo líquido, deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo – espantada de pé, fertilizada.
Agora o frio se transforma em frígido.
Avançando ela abre o mar pelo meio.
Já não precisa da coragem, agora, já é antiga no ritual.
Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem.
Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol, quase imediatamente já estão endurecendo de sal.
Com a concha das mãos faz o que sempre fez no mar, e com a altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos:
com a concha das mãos cheias de água, bebe em goles grandes, bons.
E era isso que lhe estava faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem. Agora ela está toda igual a si mesma.
A garganta alimentada se constringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo sal secado pelo sol, as ondas suaves lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto.
Mergulha de novo, de novo bebe, mais água, agora sem sofreguidão pois não precisa mais.
Ela é a amante que sabe que terá tudo de novo.
O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, e ela mergulha de novo; está cada vez menos sôfrega e menos aguda.
Agora sabe o que quer.
Quer ficar de pé parada no mar.
Assim fica, pois.
Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate.
A mulher não recebe transmissões.
Não precisa de comunicação.
Depois caminha dentro da água de volta à praia.
Não está caminhando sobre as águas – ah nunca faria isso depois que há milênios já andaram sobre as águas – mas ninguém lhe tira isso: caminhar dentro das águas.
Às vezes o mar lhe opõe resistência puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera.
E agora pisa na areia.
Sabe que está brilhando de água, e sal e sol.
Mesmo que o esqueça daqui a uns minutos, nunca poderá perder tudo isso.
E sabe de algum modo obscuro que seus cabelos são de náufrago.
Porque sabe – sabe que fez um perigo.
Um perigo tão antigo quanto o ser humano.

Clarice Lispector

Kelly Slater - Homenagem merecida



O surfista norte-americano Kelly Slater recebeu uma bela homenagem no dia 17 de novemvro em sua cidade-natal, Cocoa Beach, na Flórida (EUA), pela conquista de seu décimo título Mundial: uma estátua de bronze com aproximadamente três metros de altura com sua imagem em ação. Ou seja, surfando.


A obra da artista plástica Natasha Drazich foi abraçada pela Cocoa Beach Surfrider, filial da Surfider Foundation, organização que tem como objetivo proteger praias e oceanos e agora pode ser vista por todos que visitarem a cidade onde nasceu o maior surfista de todos os tempos.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.

Madre Tereza de Calcutá

Os ombros suportam o mundo

Alberto Pancorbo


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertam ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nicoletta Ceccoli


O que o vento não levou

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

Mário Quintana

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cena de cinema

Juliette Binoche e Romain Duris
Paris

domingo, 12 de dezembro de 2010

Parabéns Silvio Santos!!!!!!



Hoje é níver desse homem incrível e maior apresentador da tv brasileira.

Senor Abravanel nasceu no dia 12 de dezembro de 1930, portanto está completando 80 anos.
Que continue nos alegrando com sua presença por mais 80 anos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Rachel Ferguson

Discurso

E aqui estou, cantando.

Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.
Pois aqui estou, cantando.
Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido escute?
Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

Cecília Meireles

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sambinha bom

Tereza Mazzoli


Disritmia
Composição: Zé Katimba

Eu quero
Me esconder debaixo
Dessa sua saia
Prá fugir do mundo
Pretendo
Também me embrenhar
No emaranhado
Desses seus cabelos
Preciso transfundir
Seu sangue
Pro meu coração
Que é tão vagabundo...

Me deixa
Te trazer num dengo
Prá num cafuné
Fazer os meus apelos...(2x)

Eu quero
Ser exorcizado
Pela água benta
Desse olhar infindo
Que bom
É ser fotografado
Mas pelas retinas
Desses olhos lindos
Me deixe hipnotizado
Prá acabar de vez
Com essa disritmia...

Vem logo
Vem curar seu nego
Que chegou de porre
Lá da boemia...(2x)

Eu quero
Ser exorcizado
Pela água benta
Desse olhar infindo
Que bom
É ser fotografado
Mas pelas retinas
Desses olhos lindos
Me deixe hipnotizado
Prá acabar de vez
Com essa disritmia...

Vem logo
Vem curar seu nego
Que chegou de porre
Lá da boemia...(6x)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Elefante Branco



O Elefante Branco é um animal raro, quase mitológico, que surge por mutação.
Os Elefantes Brancos eram estimados pelas culturas do Sudeste Asiático e mantidos pelas casas reais da Burma, da Tailândia, do Laos e do Cambodja. Eram considerados portadores de paz e prosperidade para o reino e o monarca que os possuísse era tido como poderoso e justo. A tradição que associa o Elefante Branco à pureza remonta ao início do Budismo, com o mito que conta como a mãe do Buda recebeu a notícia do seu nascimento através de um sonho em que um Elefante Branco lhe oferecia uma Flor de Lótus. Como Animal de Poder transmite força, bondade, pureza e sabedoria. Também é um bom conselheiro quando se trata de escolher caminhos, buscar a iluminação e penetrar os mistérios.

Na Índia, os elefantes brancos recebem sempre um tratamento VIP. Nada de maltratá-los com aqueles incômodos cestos  (para o transporte humano) ou aquelas pesadíssimas toras de madeira tão condenadas nas edições da revista National Geographic. O trabalho duro, portanto, cabe aos espécimes tingidos pela mãe natureza. O homem que possuir um paquiderme branquinho deverá abrigá-lo, alimentá-lo e paparicá-lo até a morte. Vender ou abandonar um elefante branco à própria sorte é imperdoável na Índia. Um legítimo elefante branco é tão respeitado por lá quanto a vaca.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Rachel Ferguson



Solidão é uma forma de auto-proteção. É um lugar onde se pode evitar responsabilidades com outros e negar qualquer necessidade de aprovação. E arranja tempo para escapar das demandas da vida diária. É simples, contida e paralisada.Minhas pinturas são pensadas para reunir o conforto da solidão, mas também revelam seus limites.




 As figuras são confinadas pelo espaço que ocupam e seus corpos são mantidos inativos por seus pensamentos. Ultimamente, a segurança que suas poses contidas sugere deveria levar as pessoas a pensar em uma armadilha.Meu trabalho tenta comunicar tanto uma dependência da solidão quanto um apelo para que alguma força externa a quebre.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Wladimir Kush


Cirurgia de lipoaspiração?



Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?
Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto-imagem. Religião, é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação.
Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.
A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?
A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.
Não importa o outro, o coletivo. Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.
Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar, correr, viver muito, ter uma aparência legal, mas...
Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural.
Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude.
Que eu me acalme. Que o amor sobreviva.

Herbert Vianna

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Brian Froud


Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui, continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Parada pateta ridícula porra-louca solitária venenosa. Pós-tudo, sabe como? Darkérrima, modernésima, puro simulacro.


Caio Fernando Abreu