quarta-feira, 30 de junho de 2010


Wladimir Kush


Não existe meio mais seguro para fugir do mundo do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele do que a arte.

Johann Goethe



Plutenko Stanislav


O mais tolo de todos os erros ocorre quando jovens inteligentes acreditam perder a originalidade ao reconhecer a verdade já reconhecida por outros.

Johann Goethe


Não te amo mais

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

Clarice Lispector

* agora leia o texto de baixo para cima



Ray Caesar


“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. Sou um ser concomitante: reúno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios”

Clarice Lispector



terça-feira, 29 de junho de 2010

Wladimir Kush



Sonho Real

Composição: Lô Borges / Ronaldo Bastos
A primeira vista
A paixão não tem defesa
Tem de ser um grande artista
Pra querer se segurar
Faz tremer a perna
Faz a bela virar fera
Quando alguém que a gente espera
Quer se chegar


Só de pensar
Já me faz mais feliz
Nem bem o amor começa
Eu já quero bis


Chega e instala a beleza
No mesmo momento. . .


Ilusão tão boa
Quanto o astral de uma pessoa
Chega junto, roça a pele
E já quer se enroscar
Lê seu pensamento
Paralisa seu momento
Ao se encostar


Sonho real faz surpresa pra mim
e transe o meu destino com alguém assim


Chega e instala a beleza
No mesmo momento...


Felicidade pode estar pelo sim
Às vezes do seu lado
Tem alguém afin


Chega e instala a beleza
Momento de sonho real


Vem andar comigo
Numa beira de estrada
Desse lado ensolarado
Que eu achei pra caminhar
Vem meu anjo torto
Abusar do meu conforto
Ser meu bem em cada porto
Que eu ancorar


Sonho real faz surpresa pra mim
e transe o meu destino com alguém assim


Chega e instala a beleza
Momento de sonho real.

Jia Lu

AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade



Foto: (O Senhor dos Anéis)

PRECISA-SE DE UM AMIGO

Não precisa ser homem, basta ser humano, ter sentimentos.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem imprescindível, que seja de segunda mão.
Não é preciso que seja puro, ou todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Pode já ter sido enganado ( todos os amigos são enganados).
Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.
Deve gostar de crianças e lastimar aquelas que não puderam nascer.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que todos levam consigo.
Tem que gostar de poesia, dos pássaros, do por do sol e do canto dos ventos.
E seu principal objetivo de ser o de ser amigo.
Precisa-se de um amigo que faça a vida valer a pena, não porque a vida é bela, mas por já se ter um amigo.
Precisa-se de um amigo que nos bata no ombro, sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo.
Precisa-se de um amigo para ter-se a consciência de que ainda se vive.


Carlos Drummond de Andrade
Michael Cheval

O Que É, O Que É?

Composição: Gonzaguinha

Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...


Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...


Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...


E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!...


E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...


Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...


Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...


Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...


Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...


E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

segunda-feira, 28 de junho de 2010


Precisamos dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.



Érico Veríssimo



James Browne


O destino conduz os que querem ser conduzidos e arrasta os que não querem

Eu tenho andado mais ou menos de arrasto
Nem sempre quero ir para onde o destino me leva.

Érico Veríssimo

domingo, 27 de junho de 2010

Miguel Tió


O que será (À flor da pele)
Composição: Chico Buarque

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mentir e me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita


O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite


O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os tremores me vêm agitar
E todos os suores me vêm encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo.

sábado, 26 de junho de 2010

Cineminha: Surpresas do coração (1995)


Comédia romântica apoiada no charme da dupla Meg Ryan e Kevin Kline. Ela faz a mocinha romântica e apaixonada que vai a Paris atrás do noivo e o encontra nos braços de outra. E ela acaba se envolvendo com outro, um contrabandista francês (Kevin Kline) que conhecera no avião. A polícia está atrás do larápio pelo roubo de uma jóia. Claro que os dois acabam se envolvendo. O filme tem cenas bem divertidas, quase todas com Meg Ryan, como um ataque de histeria na recepção do hotel e momentos de puro pastelão no restaurante do hotel, onde o ex-noivo está jantando com outra.
Vale a pena ver de novo, é uma delícia.

Virgínia Woolf


"Por quê as mulheres são... tão mais interessantes aos homens do que os homens são às mulheres?"


"Realmente, eu não gosto da natureza humana a menos que esteja toda temperada com arte."

"Cada um tem seu passado preso em si como as páginas de um livro conhecido por seu coração, e seus amigos só podem ler o título."

As mulheres serviram todos estes séculos como espelhos possuindo o poder de refletir a figura do homem duas vezes maior que seu tamanho natural.
Alexander Averin

Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possí­vel, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar, é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo.

Guimarães Rosa

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser Abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave de sua presença soprando nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco, juntinho ao nosso lado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.

Tem gente como você que nem percebe como tem a alma Perfumada! E que esse perfume é dom de Deus.

Carlos Drummond de Andrade "Almas Perfumadas"

Sylvia Ji


Sylvia Ji nasceu em 1982 em San Francisco.  Em sua arte, ela explora temas como a beleza, a provocação sexual, social e de noções de feminilidade justapostos contra a realidade distópica das cidades modernas.   Algumas de suas pinturas são reflexos de si mesma, retratos de pessoas que ela conhece ou apenas rostos sem nome.  Ela se formou  em 2005, na Academy of Art University de San Francisco com uma licenciatura em ilustração.
Atualmente, ela tem obras expostas em galerias de San Francisco e Los Angeles.













quinta-feira, 24 de junho de 2010

Rob Gonsalves

Primeiros Erros

Composição: Kiko Zambianchi

Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão

Se você não entende, não vê
Se não me vê, não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende

Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas, só chove e chove
Chove e chove

Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros

O meu corpo viraria sol
Minha mente viraria
Mas, só chove e chove
Chove e chove.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Jedi



Hoje se foi meu Jedi,
cão valente,imponente,cheio de si.
Hoje não tem mais uivos no quintal,e nem um pingo de graça.
Quando a bola do vizinho cair, quem vai pegar?
A partir de hoje, meu Jedi ficará guardado no meu livro de memória.



terça-feira, 22 de junho de 2010

A VASSOURA

Varro de fora para dentro
trazendo a luz do sol
e tudo de bom para o centro
As forças da luz eu trago para mim
tudo o que é bom
vai ficando melhor assim...


Renovo alegrias,encanto, paixão...
vassourinha de alecrim
traz felicidade, abertura de caminhos,
boas visitas, entidades do bem,
para voce e para mim...


Varro de dentro para fora
o que for negativo eu mando embora
meu lixo emocional eu ponho para correr
minha casa e seu astral
deixo com a aura brilhando

A medida que vou limpando
a vida vai melhorando...
Com ajuda da natureza as energias vou reciclando
A porta da frente varro com capim cidreira
atraio paz e bem para a casa inteira...

sábado, 19 de junho de 2010

José de Sousa Saramago (1922 - 2010)





Na ilha por vezes habitada


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago


Fabian Perez




POEMA A BOCA FECHADA

Não direi:
Que o silêncio me sufoca- e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é doutra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vasa de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais boiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quanto me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago



Steve Hanks
Corsário
Composição: João Bosco e Aldir Blanc

Meu coração tropical está coberto de neve mas
Ferve em seu cofre gelado
E à voz vibra e a mão escreve mar
Bendita lâmina grave que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais
Roserais nova granada de espanha
Por você eu teu corsário preso
Vou partir na geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos
E as rosas partindo o ar
Nova granada de espanha
E as rosas partindo o ar
Iela, iela, iela, iela la la la.


Valérie Maugeri


Jade
João Bosco

Aqui meu irmão ela é coisa rara de ver
E jóia do Xá retina de um mar
De olhar verde já derramante
Abriu-se Sézamo em mim
Ah! meu irmão aqualouca tara que tem ímã
Mergulha no ar me arrasta me atrai
Pro fundo do oceano que dá
Prá lá de babá prá cá de ali
Pedra que lasca seu brilho
E que queima no lábio um quilate de mel
E que deixa na boca melante
Um gosto de língua no céu
Luz talismã misterioso cubanacã
Delícia sensual de maçã
Saborosa manhã
Vou te eleger vou me despejar de prazer
Essa noite o que mais quero é ser
1001 pra você....
Jade...Jade...Jade...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Ruud Van Empel

Ruud Van Empel, nasceu em 1958 em Breda, Holanda, vive e trabalha em Amsterdam. É formado pela Academy of Fine Arts Sint Joost Breda em 1981.
As cenas de Van Empel estão povoadas com cores vívidas, e alterações de escala e espaço. Crianças aparecem em roupas de domingo ou simplesmente vestindo calções. Ele frequentemente enquadra suas cabeças, braços, pernas e roupas separadamente, dando muitas vezes uma aparência de boneca.
Van Empel, um holandês branco, clareia ou escurece tons de pele para enfatizar a raça das crianças. Ele retrata crianças brancas em florestas e crianças negras em selvas. De um lado, cenas como mini-Edens, puras e sagradas. De outro, força estereótipos de princesas arianas e tribos primitivas.


































Assim que escurecer vou namorar.
Que mundo ordenado e bom!
Namorar quem?
Minha alma nasceu desposada
com um marido invisível.


Adélia Prado




Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande.

Adélia Prado
Katia Alam

Falar é completamente fácil,
quando se têm palavras em mente
que expressem sua opinião.

Difícil é expressar por gestos e atitudes
o que realmente queremos dizer,
o quanto queremos dizer,
antes que a pessoa se vá.

Carlos Drummond de Andrade
Foto: Marina A.

A verdadeira arte de viajar...
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Mario Quintana

quarta-feira, 16 de junho de 2010


"Nunca a aurora nos encontra onde o poente nos deixou.

Mesmo quando a Terra dorme, nós viajamos!
Somos a semente de uma planta tenaz e é
quando amadurecemos e atingimos nossa plenitude
de coração é que o vento se apodera de nós e nos espalha!"


(Khalil Gibran)