Foto: Bruna Prado
pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância
de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente
sistematizada - de contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é
gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está
mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar
na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me
restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria
querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo
na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade.
Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada
pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha
voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação
gerar liberdade e esta, por fim, igualdade.. Uma segue a outra... Sem nenhuma
contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem
esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças
que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão
uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O
povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não
aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa
participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não
modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas
na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo
para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra
fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a
pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não
afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um
posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se:
quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser
tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?
Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina
faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes
universitários.
Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre
'Como vencer a pobreza e a desigualdade'
A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro,
com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no
site da Biblioteca Virtual da UNESCO.
Ela já falo tudo comenta o que!!!
ResponderExcluir