Todos os seres vivos desse planeta tem uma função...qual é nossa função? riqueza e poder ou a preservação de todo sistema?
sábado, 14 de novembro de 2009
Se
se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra
eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto
ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio
daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...
Alice Ruiz
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
"FAZER UM CÉU"
Fazer um céu, com pouco a gente faz basta uma estrela uma estrela e nada mais.
Pra ter nas mãos o mundo basta uma ilusão um grão de areia é o mundo em nossa mão. Sonhar é dar à vida nova cor
dar gosto bom às lagrimas de dor
o sol pode apagar, o mar perder a voz
mas nunca morre um sonho bom dentro de nós.
-MÁRIO LAGO- (Rio de Janeiro-1911-2001)
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Borboletas são livres
Borboletas são livres
Minha alma também.
Anseio liberdade, beleza e amor
De ir, vir e sentir
Paixão, ar, calor.
Preciso criar, voar...
Sentir o vento nos cabelos
Mas os pés no chão.
Quero abraço
Mas quero espaço.
Mulher borboleta
Pequenina e voraz
Tem um vôo que seduz
Uma beleza que satisfaz.
Possuidora de uma leveza que conduz
De uma força que induz.
Sua fragilidade lhe traduz
Uma mulher que reluz!
Precisa de arte
Precisa que invada.
Que o coração dispare
Que a saudade mate.
Não a prenda
Traga flores para que venha.
Ela não é para qualquer um
Ela é da natureza
Ela é dela.
Tranque-a e ela morre.
Sopre-a no vento...Que ela vai.
Mas espere
Pois ela volta.
(Carolina Salcides)
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Dever de Sonhar
Eu tenho uma espécie de dever,dever de sonhar,de sonhar sempre,pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo, eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas,em salas supostas, invento palco,cenário para viver o meu sonho entre luzes brandas e músicas invisíveis.
Fernando Pessoa
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações, pois boas lembraças, são marcantes, e o que é marcante nunca se esquece!
Uma grande amizade mesmo com o passar do tempo é cultivada assim!
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Quando nada subsiste de um passado antigo,
depois da morte dos seres,
depois da destruição das coisas,
sozinhos, mais frágeis porém mais vivazes,
mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis,
o aroma e o sabor permanecem ainda por muito tempo,
como almas, chamando-se, ouvindo, sobre as ruínas de tudo o mais,
levando sem se submeterem, sobre suas gotículas quase impalpáveis,
o imenso e difícil das recordações
= Marcel Proust =
O Culpado
Eu me declaro culpado de não ter feito, com estas mãos que me deram,uma vassoura.
Por que não fiz uma vassoura?
Por que me deram mãos?
Para que me serviram se só vi o rumor do cereal,
se só tive ouvidos para o vento
e não recolhi o fio da vassoura,
verde ainda na terra e não pus para secar os talos ternos
e não os pude unir num feixe áureo
e não juntei um caniço de madeira à saia amarela até dar uma vassoura aos caminhos?
Assim foi!
Não sei como me passou a vida
sem aprender, sem ver,sem recolher e unir os elementos.
Nesta hora não nego que tive tempo,
mas não tive mãos,
e assim, como podia aspirar com razão à grandeza
se nunca fui capaz de fazer uma vassoura
uma só,
uma?
= Pablo Neruda=
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Foto de Frida Kahlo
Noções
Noções
Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza, só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.
Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,e este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é minha alma:qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário, como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...
Cecília Meireles
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
O Olho é uma espécie de globo,é um pequeno planeta com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:azuis, verdes, amarelas.É um globo brilhante:parece cristal,é como um aquário com plantas finamente desenhadas: algas, sargaços,miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.
Mas por dentro há outras pinturas,que não se vêem:umas são imagens do mundo,outras são inventadas.
O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,formam, no Olho, lágrimas.
= Cecília Meireles =
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
e que nele posso navegar sem rumo,
não respondas às urgentes perguntas que te fiz.
Deixa-me ser feliz assim, já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer enquanto o nosso amor durou.
Mas o tempo passou, há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria matar a sede com água salgada...
Miguel Torga
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Canção Amiga
"Eu preparo uma canção em que minha mãe se reconheça.
Todas as mães se reconheçam, e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas formam um só diamante.
Aprendi novas palavras e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção que faça acordar os homens
e adormecer as crianças."
(Drummond).
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
“Perguntaram-me se acredito em Deus. Respondi com versos do Chico:
“Saudade é o revés do parto,
É arrumar o quarto para o filho que já morreu.
”Qual é a mãe que mais ama?
A que arruma o quarto para o filho que vai voltar,
Ou a que arruma o quarto para o filho que não vai voltar?
Sou um construtor de altares.
Construo altares à beira de um abismo
Escuro e silencioso.
Eu os construo com poesia e música.
Os fogos que neles acendo
Iluminam o meu rosto
E me aquecem.
Mas o abismo permanece
Escuro e silencioso.
Rubem Alves
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Explicação
O pensamento é triste;
o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.
Deus não fala comigo - e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
- espero a minha própria vinda.
(Navego pela memória sem margens.
Alguém conta a minha história
E alguém mata os personagens.)
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Despedida
Adeus,
que é tempo de marear!
Por que procuram pelos olhos meus
rastros de choro,direções de olhar?
Quem fala em praias de cristal e de ouro,
abrindo estrelas nos aléns do mar?
Quem pensa num desembarcadouro?
- É hora, apenas, de marear.
Quem chama o sol?
Mas quem procura o vento?
e âncora? e bússola? e rumo e lugar?
Quem levanta do esquecimento
esses fantasmas de perguntar?
Lenço de adeuses já perdi...Por onde?
- na terra, andando, e só de tanto andar...
Não faz mal. Que ninguém responde
a um lenço movido no ar...
Perdi meu lenço e meu passaporte
- senhas inúteis de ir e chegar.
Quem lembra a fala da ausência
num mundo sem correspondência?
Viajante da sorte na barca da sorte,
sem vida nem morte...
Adeus,
que é tempo de marear!
Cecília Meireles
domingo, 12 de julho de 2009
quinta-feira, 9 de julho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
"Me ajuda que eu tenho certeza absoluta que já fui Pessoa ou Virgínia Woolf em outras vidas
e filósofo em tupi-guarani, enganado pelos búzios, pelas cartas, pelos astros, pelas fadas.
Me puxa para fora deste túnel, me mostra o caminho para baixo da quaresmeira em flôr,
que eu quero encontrar em seu tronco o lótus de mil pétalas do topo da minha cabeça tonta
para sair de mim e respirar aliviado e por um instante não ser mais eu, que hoje não me suporto
nem me perdôo de ser como sou sem solução".
Caio Fernando Abreu
quinta-feira, 25 de junho de 2009
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Penso e passo
Aka Lousie
Quando penso que uma palavra
pode mudar tudo
não fico mudo
mudo
descobre o mundo
não paro o passo
passo
um novo mundo nasce
na palavra que penso.
Quando penso que uma palavra
pode mudar tudo
não fico mudo
mudo
Quando penso que um passo
descobre o mundo
não paro o passo
passo
E assim que passo e mudo
um novo mundo nasce
na palavra que penso.
-Alzira Espíndola e Alice Ruiz-
terça-feira, 2 de junho de 2009
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê.
Quem sente não é quem é.
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo,
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li,
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.
(Fernando Pessoa)
quinta-feira, 28 de maio de 2009
"Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas a águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga?"
Leonardo Boff
quarta-feira, 27 de maio de 2009
"Pode ser que um dia deixemos de nos falar... Mas, enquanto houver amizade, Faremos as pazes de novo. Pode ser que um dia o tempo passe... Mas, se a amizade permanecer, Um de outro se há-de lembrar. Pode ser que um dia nos afastemos... Mas, se formos amigos de verdade, A amizade nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos... Mas, se ainda sobrar amizade, Nasceremos de novo, um para o outro. Pode ser que um dia tudo acabe... Mas, com a amizade construiremos tudo novamente, Cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre. Há duas formas para viver a sua vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre."
Albert Einstein
sexta-feira, 22 de maio de 2009
A menina selvagem veio da aurora acompanhada de pássaros,estrelas-marinhas e seixos.
Traz uma tinta de magnólia escorridanas faces.
Seus cabelos, molhados de orvalho e tocados de musgo,cascateiam brincando com o vento.
A menina selvagem carrega punhados de renda ,sacode soltas espumas.
Alimenta peixes ariscos e renitentes papagaios.
E há de relance, no seu riso,gume de aço e polpa de amora.
Reis Magos, é tempo!
Oferecei bosques, várzeas e campos à menina selvagem: ela veio atrás das libélulas.
Henriqueta Lisboa - Publicado (1958)
Henriqueta Lisboa. Pouco conhecida do público, essa mineira, nascida em Lambari em 15 de julho de 1904, recebeu vários prêmios literários, entre os quais a Medalha da Inconfidência de Minas Gerais (com o livro “Madrinha Lua”, em 1952) e o Prêmio Brasília de Literatura,em 1971.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Aka Lousie
"As vezes vivemos como se fossemos galinhas , porém, somos águias. Por isso, todos podemos voar, se quisermos. Talvez não seja um processo rápido, mas insista, não desista , tente novamente! Busque ajuda se preciso. Voe cada vez mais alto, não se contente com os grãos que lhe jogam para ciscar.!"
"As vezes vivemos como se fossemos galinhas , porém, somos águias. Por isso, todos podemos voar, se quisermos. Talvez não seja um processo rápido, mas insista, não desista , tente novamente! Busque ajuda se preciso. Voe cada vez mais alto, não se contente com os grãos que lhe jogam para ciscar.!"
Leonardo Boff
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Todo azul do mar
Composição: Flávio Venturini / Ronaldo Bastos
Composição: Flávio Venturini / Ronaldo Bastos
Foi assim
Como ver o mar
A primeira vez
Que meus olhos
Se viram no seu olhar
Não tive a intenção
De me apaixonar
Mera distração e já era
Momento de se gostar
Quando eu dei por mim
Nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu
Dentro do seu olhar
Quando eu mergulhei
No azul do mar
Sabia que era amor
E vinha pra ficar
Daria pra pintar
Todo azul do céu
Dava pra encher o universo
Da vida que eu quis pra mim
Tudo que eu fiz
Foi me confessar
Escravo do seu amor
Livre pra amar
Quando eu mergulhei
Fundo nesse olhar
Fui dona do mar azul
De todo azul do mar
Foi assim como ver o mar
Foi a primeira vez que eu vi o mar
Daria pra beber todo azul do mar
Foi quando mergulhei no azul do mar
Onda que vem azul, todo azul do mar
Foi assim, todo azul do mar.
domingo, 10 de maio de 2009
Que mulher é essa?
Que mulher é essa que não se cansa nunca ?
que não reclama de nada, que disfarça a dor?
Que mulher é essa que contribui com tudo,
que distribui afeto,tira espinhos do amor?
Que mulher é essa de palavras leves,coração aberto,pronta a perdoar?
Que mulher é essa que sai do palco ao terminar a peça sem chorar?
Essa mulher existe,
sua doçura resiste às dores da ingratidão,
resiste à saudade imensa,
resiste ao trabalho forçado,
resiste aos caminhos do não!
Essa mulher é MÃE,
linda, como todas são.
Ivone Boechat
sábado, 9 de maio de 2009
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
Michael Cheval
LIBERDADE
LIBERDADE
Ai que prazer não cumprir um dever.
Ter um livro para ler e não o fazer!
Ler é maçada,estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta.
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Frida Kahlo
Para isso fomos feitos:
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver a noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem;da moret, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
terça-feira, 5 de maio de 2009
"Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia, e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas"
(Provérbio Chinês).
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Obra:Vladimir Kush
És livre na luz do Sol e livre ante a estrela da noite.
És livre na luz do Sol e livre ante a estrela da noite.
E és livre quando não há sol,nem lua ou estrelas.
Inclusive, és livre quando fechas os olhos a tudo que existe.
Porém, és escravo de quem amas pelo fato mesmo de amá-lo.
E és escravo de quem te ama, pelo fato mesmo de deixar-te amar.
Khalil Gibran
domingo, 26 de abril de 2009
Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta, de sol quando acorda, de flor quando ri.
Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede, dança gostoso numa tarde grande sem agenda, se sente comendo pipoca na praça, lambuzando o queixo de sorvete, melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro , a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende a ver.
Tem gente que tem luz das estrelas que Deus acendeu no céu,ao lado delas a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza, se sente visitando um lugar feito de alegria, recebendo um buquê de carinhos.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa, do brinquedo que a gente não largava, de passeio no jardim, e a gente ri grande que nem menino arteiro... costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também tem cheiro.
terça-feira, 21 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinícius de Moraes
sábado, 18 de abril de 2009
sexta-feira, 17 de abril de 2009
A felicidade
Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes
Tristeza não tem fim
Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor
A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta feira
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar
A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Prá que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor
Tristeza não tem fim
Felicidade sim
Para minha Marina
Eu não existo sem você
Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Qua nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Qua nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você
quinta-feira, 16 de abril de 2009
AMOR DE ÍNDIO
Composição: Beto Guedes - Ronaldo Bastos
"Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas
com todo cuidado, meu amor
Enquanto a chama arder
Todo dia te ver passar
Tudo viver a teu lado
Com o arco da promessa
Do azul pintado pra durar
Abelha fazendo mel
Vale o tempo que não voou
A estrela caiu do céu
O pedido que se pensou
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser todo
Todo dia é de viver para ser o que for e ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho
É mais que sagrado, meu amor
A massa que faz o pão
Vale a luz do teu suor
Lembra que o sono é sagrado
E alimenta de horizontes
O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar
No outono te conhecer
Primavera poder gostar
No estio me derreter
Pra na chuva dançar e andar junto
O destino que se cumpriu
De sentir seu calor e ser tudo".
Brian Froud
Poema do livro "O Louco"
"Tem gente que me pergunta como foi que enlouqueci. Foi assim: certo dia,
muito antes dos deuses nascerem, acordei de um longo sono e descobri que
todas as minhas máscaras tinham sido roubadas -
as sete máscaras que eu tinha feito e usado em sete vidas -
e sai correndo pelas ruas apinhadas de gente, gritando:
_ Ladrões, ladrões, malditos ladrões!
Os homens e as mulheres riam, mas alguns correram pra casa com medo de mim.
E, quando cheguei à praça do mercado, um jovem que estava no terraço de uma casa gritou:
_É um louco!
Ergui os olhos p/ ele e o sol beijou meu rosto nu pela 1ª vez.
Pela 1ª vez o sol beijou meu rosto nu e minha alma inflamou-se de amor pelo sol e não quis saber mais de máscaras. E gritei em transe:
_Abençoados, abençoados ladrões que roubaram minhas máscaras!
Foi assim que enlouqueci.
E encontrei liberdade e segurança em minha loucura:
a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido,
pois aqueles que nos compreendem nos escravizam de algum modo.
Mas não quero ficar orgulhoso demais de minha segurança.
Nem na cadeia um ladrão está a salvo de outro ladrão"
Poema do livro "O Louco"
"Tem gente que me pergunta como foi que enlouqueci. Foi assim: certo dia,
muito antes dos deuses nascerem, acordei de um longo sono e descobri que
todas as minhas máscaras tinham sido roubadas -
as sete máscaras que eu tinha feito e usado em sete vidas -
e sai correndo pelas ruas apinhadas de gente, gritando:
_ Ladrões, ladrões, malditos ladrões!
Os homens e as mulheres riam, mas alguns correram pra casa com medo de mim.
E, quando cheguei à praça do mercado, um jovem que estava no terraço de uma casa gritou:
_É um louco!
Ergui os olhos p/ ele e o sol beijou meu rosto nu pela 1ª vez.
Pela 1ª vez o sol beijou meu rosto nu e minha alma inflamou-se de amor pelo sol e não quis saber mais de máscaras. E gritei em transe:
_Abençoados, abençoados ladrões que roubaram minhas máscaras!
Foi assim que enlouqueci.
E encontrei liberdade e segurança em minha loucura:
a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido,
pois aqueles que nos compreendem nos escravizam de algum modo.
Mas não quero ficar orgulhoso demais de minha segurança.
Nem na cadeia um ladrão está a salvo de outro ladrão"
Gibran Kalil Gibran
quarta-feira, 15 de abril de 2009
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